Só Deus é o Rei perfeito (1 Samuel 8- Estudo Bíblico). Quando olhamos para o Antigo Testamento vemos que grande parte de seus textos se datam em um período em Israel chamado de período monárquico. Período esse em que a nação de Israel era regida por um Rei de forma soberana.
Grande parte dos profetas profetizam e falam sobre esse período histórico. Como muitos salmos, cânticos e provérbios, tal como os próprios livros narrativos como Crônicas, Reis e Samuel. Sendo escritos por algum rei, ou falando a respeito de um rei e seu reinado.
A questão é que precisamos olhar de forma mais profunda para a monarquia em Israel. Pois mais do que apenas simples histórias com lições morais de certo e errado. Mais do que isso, nós temos nesse período Deus mostrando para o povo que apenas Ele mesmo é o Rei Perfeito. E é sobre isso que iremos falar no artigo de hoje.
O Plano de Deus para Israel
Antes de tudo, precisamos entender que Israel não era e nem nasceu para ser como os outros povos. Mas sim, ela tinha uma função muito importante de ser uma nação exemplo, que apresentava aos outros povos o Deus de Abraão, Isaque e Jacó. E consequentemente, trazia o Reino de Deus para a Terra.
Deus em Gênesis 12 é muito claro ao fazer a promessa a Abraão, ao especificar que, por meio de sua descendência todas as famílias e nações da Terra seriam abençoadas.
E justamente por possuir tal propósito grandioso, a maneira com a qual a história de Israel se desenvolve é igualmente única e complexa em alguns níveis.
A trajetória da Nação de Israel
A primeira vez que começamos a enxergar Israel como um povo é lá no Egito, quando Faraó ao ver seu crescimento começa a temer e escravizar o povo.
O povo até então era uma grande família da descendência de Abraão, que vivia em suas terras em Canãa de maneira pacífica. Até que quando sobrevêm uma grande fome na região, José do Egito os trazem ao Egito, a fim de viverem lá, onde ainda havia alimento.
Após esse período, a nação começa então a ser escravizada pelo seu grande crescimento, gerando temor no coração do Faraó de um possível ataque do povo hebreu.
Nesse momento surge Moisés, o libertador, que é enviado por Deus e conduz o seu povo para fora do Egito e os conduz novamente a Terra de Canaã que Deus havia prometido aos Patriarcas.
Desse período em diante, o povo começou a se enxergar realmente como nação, tal qual todos os outros povos da região, que via aquele povo nômade e via algo diferente neles, visto que além de Moisés, eles não possuíam um grande líder militar com riquezas, palácios ou algo do gênero, como um monarca. Antes, todo o povo vivia em união e eram guiados por Deus de onde e quando deveriam ir.
O Declínio Espiritual e Moral de Israel
Em resumo, o povo consegue chegar a terra de Canaã e ir conquistando os lugares que lhes eram por direito. Contudo, observamos um padrão do povo se perverter de Deus e ir buscar os outros deuses da região. E isso se dá, principalmente, por conta do povo possuir uma instabilidade muito grande em sua liderança.
Como eu disse anteriormente, eles viviam de maneira nômade e sem um rei estabelecido. Após o período de Moisés Josué passa a dirigir o povo como um sucessor de Moisés. Porém, após eles, a nação ficou sem um líder e então começou o seu declínio.
Observamos em Juízes 2: 7 que mesmo após a morte de Josué, o povo vivia servindo ao Senhor ainda assim.
"O povo prestou culto ao Senhor durante toda a vida de Josué e dos líderes que continuaram vivos depois de Josué e que tinham visto todos os grandes feitos que o Senhor realizara em favor de Israel." (Juízes 2:7)
Todavia, quando uma nova geração surge, o povo passa a servir outros deuses e a abandonar a lei de Deus.
Depois que toda aquela geração foi reunida a seus antepassados, surgiu uma nova geração que não conhecia o Senhor e o que ele havia feito por Israel. Então os israelitas fizeram o que o Senhor reprova e prestaram culto aos baalins. Abandonaram o Senhor, o Deus dos seus antepassados, que os havia tirado do Egito, e seguiram e adoraram vários deuses dos povos ao seu redor, provocando a ira do Senhor. Abandonaram o Senhor e prestaram culto a Baal e aos postes sagrados. (Juízes 2:10-13)
A Instabilidade no Período dos Juízes
Após a morte de Josué, o povo constantemente se pervertia aos outros deuses, o que os levava ao Juízo de Deus por meio de outras nações. Quando o povo se voltava para Deus novamente, Ele levantava um Juiz dentre o povo que era responsável de liberta-los do Inimigo.
Além do mais, o Juiz muita das vezes realizava reformas religiosas, restituindo os cultos e os serviços sacerdotais que muita das vezes estava corrompido. Tendo os próprios sacerdotes se desviado da palavra e se voltando aos outros deuses.
Apesar de ser um período de muita instabilidade, tivemos bons juízes em alguns períodos. Em especial temos Samuel, que fazia o papel de Juiz, Sacerdote e de Profeta em seu tempo. Conduzindo o povo a um período de paz e prosperidade, reformando todo o serviço religioso que Eli havia corrompido com seus filhos anteriormente.
O Povo Clama por um Rei
No fim da vida de Samuel, ele já sendo idoso, o texto de 1 Samuel 8 nos mostra que o povo clama de querer ter um rei, assim como as outras nações possuíam. E esse pedido ocorre pelo fato dos filhos de Samuel não estarem seguindo o seu exemplo e se pervertendo ao mundo novamente. Apontando para mais um ciclo de declínio no povo.
1 Samuel 8
Quando envelheceu, Samuel nomeou seus filhos como líderes de Israel. Seu filho mais velho chamava-se Joel, o segundo, Abias. Eles eram líderes em Berseba. Mas os filhos dele não andaram em seus caminhos. Eles se tornaram gananciosos, aceitaram suborno e perverteram a justiça. Por isso, todas as autoridades de Israel reuniram-se e foram falar com Samuel, em Ramá. E disseram-lhe: "Tu já estás idoso, e teus filhos não andam em teus caminhos; escolhe agora um rei para que nos lidere, à semelhança das outras nações". Quando, porém, disseram: "Dá-nos um rei para que nos lidere", isto desagradou a Samuel; então ele orou ao Senhor. E o Senhor lhe respondeu: "Atenda a tudo o que o povo está lhe pedindo; não foi a você que rejeitaram; foi a mim que rejeitaram como rei. Assim como fizeram comigo desde o dia em que os tirei do Egito, até hoje, abandonando-me e prestando culto a outros deuses, também estão fazendo com você. Agora atenda-os; mas advirta-os solenemente e diga-lhes que direitos reivindicará o rei que os governará". (1 Samuel 8:1-9)
Interessante notar que o povo ao suplicar por ter um rei, deposita fé de que se um Rei governar sobre eles, eles finalmente seriam bem-sucedidos. Visto que o governo dos juízes era instável e não apresentava segurança para o povo.
Mas agora entenda que quando Deus afirma que o povo não rejeita Samuel e seus filhos, mas sim a Ele próprio como Rei, algo que sempre fizeram desde que saíram do Egito, Ele está mostrando que o problema do povo não viver bem é por conta de sua natureza pecaminosa, que sempre os conduzia aos outros deuses e à abandonar a fé.
Os Reis Falharam, Pois só Deus é o Rei Perfeito
Deus ouve o pedido do seu povo e lhes concede um rei, chamado Saul. Após ele o reinado é substituído por Davi e que transmite aos seus filhos de geração em geração.
O problema é que os Reis e um governo de monarquia não foram capazes de resolver o problema do povo. Na monarquia, é claro que tivemos bons Reis como Josias e Ezequias. E de maneira especial o Rei Davi, que teve um reino extremamente próspero e grande. Ele por ser segundo o coração de Deus levou o povo a estar mais próximo de Deus também.
O problema é que apesar de terem bons reis, todos eram humanos e até mesmo Davi que era segundo o coração de Deus cometeu erros e pecados horríveis. De modo que ele foi pessoalmente punido por tais pecados.
E distante dessa minoria de bons reis, o período monárquico foi marcado também por reis péssimos, que destruíram o culto a Deus e trouxeram miséria para o povo de Deus.
O período monárquico acabou sendo semelhante ao período dos Juízes, de muita instabilidade e sem trazer solução para o povo. De modo que Deus os alertara desde o início, que o problema não era o estilo de governo. Mas sim, que eles se afastavam de Deus.
Jesus, O Verdadeiro Rei
Apesar de todo esse caos, Deus jamais falharia em seu plano, por isso Ele envia seu filho Jesus a Terra a fim de restituir Israel e implantar o reino de Deus aqui entre nós. Contudo, a nação de Israel o rejeita, fazendo com que Ele expanda seu reino para todo mundo, trazendo agora para a sua Igreja a função de abençoar os outros povos, nos tornando filhos de Deus.
O Reino de Jesus é Eterno
O maior problema do povo era que os bons líderes e os bons reis morriam, destruindo a esperança que eles possuíam de finalmente viver em paz para sempre. Porém, Cristo ao ressuscitar ao terceiro dia mostra que o seu reino é eterno e permanece para sempre, diferente dos outros reis, concedendo assim segurança e confiança aos seus filhos, de modo que Ele sempre estará presente conosco em todos os momentos.
O reinado de Davi que foi próspero para Israel pode ser classificado como uma degustação do que haveria de vir com Jesus posteriormente, o filho de Davi que é sem pecado, nem mancha e que não tarda para proteger e abençoar seus filhos.
Que em um mundo moderno e polarizado, onde constantemente buscamos depositar nossa esperança e segurança em líderes humanos, que possamos na verdade possuir um espírito que confia no Senhor plenamente e que encontra apenas Nele segurança para a vida.
Que o nosso coração possa descansar na certeza de que não somos desse mundo, e de que o nosso reino é dos céus. Pois quando entendemos isso somos enviados em autoridade à implantar e anunciar o reino dos céus aos homens. Anunciando um Rei que não dorme e não morre, antes ressuscitou e vive eternamente, reinando de maneira soberana sobre toda a criação.
Que Deus em Cristo nos conserve a fé e nos guie para uma vida de obediência e submissão ao Rei dos Reis e Senhor dos Senhores. Amém.